Chocolate também é saúde
Cheio de substâncias poderosas, ele pode (e deve) fazer parte da alimentação
Quando decide começar um regime, a maioria das pessoas logo corta o chocolate do cardápio. Até aí, nenhuma novidade: rico em calorias, ele é visto como um inimigo da boa forma.
O fato é que a composição da guloseima vai muito além das gorduras e do açúcar. “O chocolate é um alimento com grande valor nutritivo, responsável pelo fornecimento de nutrientes como proteína, minerais e vitaminas”, conta Lucy A. Tchakmakian, nutricionista e coordenadora adjunta do curso de nutrição do Centro Universitário São Camilo, da capital paulista.
Mas o grande destaque fica por conta da elevada quantidade de flavonóides encontrada no cacau, a matéria-prima do doce. Conhecidos como poderosos antioxidantes, eles atuam de forma benéfica para o organismo, protegendo-o de diversos problemas. Vale frisar que, dos tipos de chocolate apresentados nos mercados e doçarias, ou seja, ao leite, branco e amargo, este último é o que apresenta maior teor de cacau. Portanto, o ideal é apostar mais nele do que nas outras versões.
Mas nada de comemorar, achando que pode se entupir de ovos cheios de cacau nesta Páscoa: como o excesso traz prejuízos, a ingestão diária de chocolate amargo deve ficar entre 30 e 40 gramas. Dado o recado, conheça, a seguir, alguns dos incríveis poderes desse alimento tentador!
Benéfico ao coração
Estresse, poluição e fumo são exemplos de fatores que podem desencadear a produção de radicais livres, moléculas que, entre outros estragos, atrapalham o processo de absorção do colesterol LDL (aquele considerado ruim). “Dessa forma, ele fica circulando no sangue e se depositando nas artérias. Com o tempo, elas podem ficar obstruídas, gerando conseqüências graves, como o infarto”, explica Fernanda Araújo Pimentel, engenheira de alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para fugir de complicações, uma das alternativas é recorrer ao chocolate amargo, já que os antioxidantes presentes em sua composição são grandes inimigos dos radicais livres.
“Sem contar que o doce tem uma boa quantidade de ácido oléico, o mesmo do azeite de oliva. Trata-se de uma gordura considerada benéfica, pois protege as artérias, eleva o bom colesterol (HDL) e diminui o ruim (LDL)”, completa a nutricionista do São Camilo (SP). Na lista de benefícios proporcionados pelo chocolate ainda entram a diminuição da pressão e o aumento o fluxo sanguíneo nos membros inferiores e nas artérias. Todas essas condições contribuem para reduzir os riscos de sofrer problemas como AVC (Acidente Vascular Cerebral), derrame e infarto do miocárdio.
Aliado contra o câncer
No início de 2010, durante uma conferência na Califórnia (EUA), pesquisadores apresentarem um estudo sobre alimentos valiosos na luta contra o câncer. Assim como o vinho tinto, o chocolate amargo ganhou destaque na lista. De acordo com Fernanda, outros trabalhos realizados anteriormente já chamavam atenção para essa relação: “Há evidências de que os antioxidantes presentes no chocolate paralisam as proteínas que estimulam a proliferação de células cancerosas”. A profissional frisa, no entanto, que os mecanismos que levam a essa interrupção ainda não estão muito claros. “É preciso realizar mais pesquisas sobre o tema”.
Companheiro de emagrecimento
Acredite, não é piada. Ao que tudo indica, a concentração elevada de cacau no chocolate amargo ajuda a aumentar a sensação de saciedade. Sendo assim, quem consome o doce nesta versão tem menos tendência a atacar à geladeira. E tem mais: segundo a nutricionista Lucy, a presença das substâncias 2-feniletilamina e N-aciletanolamina garante uma redução na vontade maluca de comer doces, já que ambas agem no cérebro “fechando” os receptores que pedem pelas guloseimas.
“Só não pode exagerar no consumo. Caso contrário, em vez de proporcionar esses e outros benefícios, ele poderá provocar aumento de peso, problemas gastrointestinais e diarreia, entre outros”, alerta Lucy.
Inimigo do estresse
Que comer chocolate dá prazer, todo mundo sabe. Mas não é só por ser uma delícia que ele causa alegria. A engenheira de alimentos do Rio Grande do Sul informa que o cacau é rico em aminas biogênicas (uma delas é a cafeína), substâncias com alto poder estimulante. “Elas incitam a produção de neurotransmissores que dão sensação de bem-estar, como a serotonina”, ressalta.
E não para por aí: a guloseima ainda conta com um componente chamado triptofano, que nada mais é do que um precursor da serotonina. “Para as mulheres, o aumento das taxas dessa substância promove a regulação dos níveis de estrogênio e de progesterona, geralmente alterados durante a tensão pré-menstrual”, lembra Lucy, explicando por que o doce é tão bem-vindo nessa fase.
Como se não bastasse tudo isso, uma pesquisa publicada no Journal of Proteome Research demonstrou que o chocolate amargo também é capaz de reduzir os níveis de hormônios do estresse – como o corticóide e a adrenalina – em pessoas nervosinhas. Resumindo: ele é uma deliciosa fonte de felicidade!
Estimulante do cérebro
Quando estiver com dificuldade para manter a concentração e colocar a cabeça para funcionar, lembre-se de que o chocolate amargo pode dar um empurrãozinho no desempenho cerebral. O cacau contém cafeína e teobromina, substâncias conhecidas por seus efeitos estimulantes. Por causa delas, fica mais fácil chegar ao estado de alerta e conquistar um raciocínio mais ágil.
Revitalizante
Entre os sintomas que caracterizam a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC) estão cansaço intenso, dor de cabeça, memória fraca, dificuldade de concentração e problemas de sono. De acordo com a especialista Lucy A. Tchakmakian, do Centro Universitário São Camilo, “todos eles podem ser minimizados com a presença dos antioxidantes e demais compostos bioativos do cacau”.
Os cientistas britânicos da Escola Médica Hull York observaram essa relação na prática: os 10 voluntários que participaram de um estudo piloto relataram menos cansaço após passarem um período consumindo 45 gramas diárias de chocolate com alto teor de cacau.
"Apesar de ter sido um pequeno estudo, dois pacientes conseguiram voltar ao trabalho depois de terem ficado de licença durante seis meses", contou Steve Atkin, o líder do estudo, segundo informações da BBC Brasil.
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